quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Naão Faaz Sentiidoo '

Não acredito no amor louco; melhor, não me faz sentido, nesta fase da minha vida unir a palavra "amor" a "louco".
Está no raciocínio colectivo, no inconsciente colectivo, isto de o amor ser louco, de ter de se sofrer porque se ama, ou que o amor "certo" é impossível.
É a literatura, são os argumentos dos filmes, tudo o que nos rodeia nos empurra para isto.
E a mim não me faz sentido nenhum que o amor seja "louco".

Faz-me sentido a paixão tresloucada, desvairada, louca, sim.
Faz-me sentido a obsessão - alguém que acha que ama outra pessoa que a maltrata (seja física, seja psicologicamente). Neste caso, a pessoa - habitualmente e não generalizando - não se pergunta o porquê desta obsessão ou o porquê de se deixar maltratar.
Mas, não é lógico para mim que estas sejam relações humanas de amor. Têm outros nomes desde paixões, atracções, obsessões.

O amor é confiante, tranquilo, retribuído, dialogante.
Parece entediante esta perspectiva? Parece aborrecido um relacionamento em que o sentir seja tranquilo e confiante? Então é caso para ponderar seriamente, se o que queremos é amor ou simplesmente paixão, saciar a atracção. É que não faz mal nenhum que se sinta paixão, uma atracção louca por uma pessoa, que se queira saciar esse desejo intenso. Mas... daí até ao amor, vai um percurso, um trajecto.
Uma paixão, uma atracção não têm de ir dar necessariamente ao amor.
E repito que não acho nisso mal nenhum.
O que falta é o entendimento interior do que se pretende no momento: quero paixão, quero picos de adrenalina que me levem ao topo, quero discutir, provocar conflitos, tudo para que a minha vida seja interessante. Tudo bem. Mas não concordo que se chame a isso amor ou "forma de amar". Tem outros nomes. E os nomes, as palavras têm um peso, uma conotação.

Amor não tem a ver com as histórias dilacerantes de Shakespeare, ou com D. Quixote de la Mancha e a sua Dulcineia, ou com aquele sofrimento atroz das histórias ditas "de amor" que fazem parte das nossas vidas, desde que nos lembramos.

Um relacionamento baseado no amor pode ter dor (mas não sofrimento), um relacionamento de amor não é sempre desenhado como uma linha recta entediante. Mas maltratar quem se ama? Não, isso não é amor. E há tantas formas de maltratar alguém... então conhecendo bem a pessoa, é só usar estratégias emocionais manipulativas. É de facto simples, e mais habitual do que pensamos; muitas vezes insconsciente.
Tudo bem.

Cada vez que oiço dizer "amor louco", algo não bate certo, não tem lógica, não me faz sentido.


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